Gostaria de compartilhar uma experiência pessoal para melhor ilustrar o tema sobre o qual me propronho a escrever.
Há muito tempo eu tentava adquirir um ritmo constante na prática de esportes. Desde a pandemia, baixei vários aplicativos e cheguei a usar três deles com certa disciplina. Confesso que, apesar da minha motivação interna, assim que surgia uma dificuldade — uma dor na lombar ou uma gripe, por exemplo —, eu perdia o ritmo e acabava por abandonar a prática. Além disso, perceber algum progresso era muito difícil.
Meses depois, quando foi possível voltar a praticar esportes em grupo, comecei a fazer Pilates, o que pareceu muito bom no início. No entanto, quando algum desconforto aparecia durante ou após as aulas, eu me sentia frustrada por ver meus colegas realizando os exercícios sem problemas e sentia, no fundo, que aquilo não estava funcionando para mim. Afinal, apesar de saber que os exercícios me faziam bem, eu não sentia os benefícios. Saía do estúdio de Pilates sempre com o desejo de desistir das aulas, pois, para mim, mais pareciam sessões de tortura. Apesar de ter pago um pacote de dez aulas, faltei a muitas delas e, ao final, optei por não continuar.
Como a vontade de melhorar minha saúde e meu condicionamento físico continuava me motivando a encontrar uma solução, decidi começar a fazer academia com um personal trainer.
Antes mesmo de começar, pensei: “Ah, minha nossa… academia… lá vou eu mentir pra mim mesma dizendo que consigo…” Mas algo que eu ignorava completamente sobre ter um personal trainer é que a aula é adaptada às minhas necessidades. Ela segue o ritmo que funciona para mim, mas sempre acrescentando desafios que sou capaz de enfrentar.
Assim, o treino passou a ser impossível de abandonar, pois, para cada obstáculo que eu apresentava, o personal trazia uma solução. Além disso, com seu olhar experiente, ele me mostrou como eu estava subestimando minha força e resistência, e me motivou a ir além do que eu imaginava ser capaz. O resultado tem sido incrível: tenho disciplina e consistência, vejo e sinto meus progressos, e minha auto-estima está num nível que há tempos eu não via. Afinal, tenho mais consciência do que consigo fazer e, a cada aula, confio mais nas minhas capacidades.
Compartilho essa experiência porque foi a primeira vez, em muitos anos, que me senti do outro lado da dinâmica ALUNO–PROFESSOR PARTICULAR. Há anos sou professora, e vejo minhas alunas começarem o curso com histórias muito parecidas com a minha na academia:
- baixaram aplicativos para estudar sozinhas, mas não percebiam progresso;
- sentiam-se travadas quando surgiam dificuldades;
- faziam aulas em grupos grandes e se frustravam por não acompanharem o desempenho dos colegas, comparavam a aula de línguas a uma “tortura”;
- tentavam estudar sozinhas, mas estudavam errado;
- desistiam das aulas em grupo e, muitas vezes, da própria língua alemã, acreditando que o problema era a língua — e não o formato de aprendizado.
Fico feliz em dizer que, após algumas semanas de aula, a grande maioria delas consegue superar os medos e bloqueios, recuperam a confiança no que são capazes de fazer e, melhor ainda, voltam a sentir prazer em aprender alemão. Compreendem, enfim, que o problema, desde o início, não era a língua, mas sim a maneira como estavam tentando aprendê-la.
Perceber que meu progresso e minha motivação na academia só aconteceram porque alguém teve o cuidado de criar um treino sob medida para mim me faz ainda mais feliz como professora. Afinal, pude sentir, verdadeiramente, como minhas alunas se sentem. Quando elas me dizem: “Professora, ontem fui a um jantar de confraternização no trabalho e não só entendi tudo, como também conversei com todo mundo!!” — imagino que é o mesmo sentimento de conquista que tenho quando percebo que hoje posso correr lado a lado com minha filha, sem a exaustão e as limitações de antes.
Refletir sobre isso me leva, ainda, a outro ponto importante:
Os aplicativos e a inteligência artificial podem substituir os professores?
Tenho certeza de que não. Não importa quanta informação um programa possa armazenar e reproduzir — é necessário um olhar treinado para saber quando aumentar ou diminuir a intensidade de um exercício, seja físico ou cognitivo, para que o aluno siga motivado.
É preciso experiência humana e empatia para reconhecer, de fato, quais pontos o aluno precisa desenvolver primeiro. Muitas vezes, o que está em jogo é recuperar a confiança e perder o medo de se arriscar — e não repetir listas de vocabulário. O que o aluno realmente precisa, muitas vezes, nem ele sabe expressar. E, por isso, não conseguirá comunicar isso a um aplicativo ou programa de inteligência artificial, que tampouco será capaz de criar um plano de ação verdadeiramente adequado.
A troca de energia, o vínculo humano entre professor e aluno, é insubstituível. A oportunidade de rir, de viver mais do que apenas o conteúdo, de criar um laço que, nos dias difíceis, serve de apoio para continuar — isso só é possível entre pessoas que se importam umas com as outras.
Escrevo este texto em uma data qualquer, mas celebro, mesmo fora de época, a profissão dos professores e coaches do mundo inteiro, que dedicam sua energia e dão o seu melhor para tirar seus alunos do ponto onde estão e ajudá-los a alcançar voos mais altos: não apenas em seus objetivos (seja uma nova língua ou um novo esporte), mas também na crença que têm em si mesmos.
E, se você se identificou com a história que contei, recomendo procurar um professor ou professora particular que compreenda suas necessidades e possa oferecer caminhos alternativos para que você reencontre o prazer de aprender algo novo e, como consequência, perceba sua evolução. 😉
Te desejo um aprendizado pleno e feliz!
Liebe Grüße,
Chris